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Carta de reivindicações dos estudantes indígenas é entregue em audiência pública na Câmara dos Deputados

Brasília, DF – Nesta segunda-feira (18), estudantes indígenas que participam do XI Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI) em Brasília viveram um momento significativo com a entrega de uma carta de reivindicações durante audiência pública na Câmara dos Deputados. O encontro, realizado no âmbito da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais, teve como tema "20 anos demarcando o Ensino Superior: Ciência indígena na academia como ferramenta de luta e equidade". A audiência foi presidida pela deputada federal Célia Xakriabá e abordou o impacto da presença indígena no ensino superior ao longo das últimas duas décadas, destacando a ciência indígena como instrumento de luta e promoção da equidade. Este tema também é o foco central do XI ENEI 2024.


Estiveram presentes à sessão diversas lideranças e representantes indígenas, como Altaci Kokama, coordenadora-geral de Articulação de Políticas Educacionais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI); Rosilene Tuxá, diretora de Políticas de Educação Escolar Indígena do Ministério da Educação (MEC); Arlindo Baré, da União Plurinacional de Estudantes Indígenas (UPEI); Ayla Tapajós, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB); Manuele Tuyuka, da Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB (AAIUnB); Edileuda Shanenawa, da Universidade Federal do Acre (UFAC); Neto Potiguara e Izabel Munduruku, ambos representando o XI ENEI.


A coordenadora executiva do ENEI, Manuele Tuyuka, destacou a importância de refletir sobre os 20 anos de atuação indígena no Ensino Superior e o papel da AAIUnB em Brasília, responsável por levar as causas coletivas dos estudantes indígenas às mais diversas instâncias do governo federal.


Izabel Munduruku e Neto Potiguara, também lideranças do ENEI, mencionaram os desafios para a realização do evento, mas enfatizaram que esses esforços são fundamentais para consolidar as pautas de reivindicação. "Precisamos descolonizar os discursos dominantes nas universidades e reafirmar nossos saberes nesses espaços", afirmou Izabel.


Ayla Tapajós trouxe à tona a questão dos indígenas na pós-graduação, apontando que as políticas de cotas para esses níveis de ensino ainda são recentes. Além das dificuldades de acesso e permanência, Tapajós destacou a falta de financiamento para pesquisas e a dificuldade da academia em reconhecer as especificidades dos objetos de pesquisa indígenas. "Estamos trazendo inovação para a academia com novos olhares sobre a pesquisa, e isso precisa ser valorizado", afirmou.


Edileuda Shanenawa ressaltou que a educação indígena está diretamente ligada à preservação do meio ambiente, pedindo que as universidades respeitem a diversidade e o conhecimento tradicional. "Sofremos preconceito, e muitos acabam desistindo da universidade por não verem seus saberes valorizados", declarou.


Rosilene Tuxá questionou o destino dos estudantes indígenas que ingressaram nas universidades por meio das cotas e a dificuldade de retorno às suas comunidades após a graduação. "O crescimento da população indígena urbana decorre da busca por escolarização. Mas será que, após se formarem, esses jovens estão conseguindo retornar às suas comunidades e serem absorvidos pelo mercado de trabalho?", refletiu.


Já Altaci Kokama abordou a questão das línguas indígenas nas universidades, destacando a necessidade de uma política linguística que contemple a diversidade linguística dos povos originários. "Muitos desistem da pós-graduação pela falta de compreensão da academia sobre as línguas indígenas. Precisamos construir um conhecimento que sirva tanto para os povos indígenas quanto para a academia", afirmou, citando a Década Internacional das Línguas Indígenas da Unesco.


Durante a audiência, os coletivos indígenas de 25 universidades brasileiras entregaram uma carta de reivindicações, contendo nove demandas principais. Entre elas, estão a garantia de acesso e permanência nas universidades públicas; vestibulares específicos para povos indígenas; a criação de programas de intercâmbio em territórios indígenas e no exterior; e o desenvolvimento de linhas de pesquisa voltadas para as mulheres indígenas. A carta também reforça a proposta de criação da "Universidade dos Povos Indígenas: Educação e Sustentabilidade para a Preservação do Meio Ambiente e Cultura".






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