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XI ENEI encerra com apresentação de trabalhos científicos e entrega de carta de reivindicações dos estudantes indígenas

Atualizado: 25 de set.

Estudantes indígenas com seus trabalhos científicos. Foto: Rodrigo Duarte/ENEI

Com a participação de 800 estudantes de 124 povos, o XI Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI) focou na continuidade da luta pelo acesso e permanência qualificada dos indígenas nas instituições de ensino superior no Brasil. O último dia do evento (19/09), realizado na Universidade de Brasília, foi marcado pela exposição de trabalhos científicos, a premiação de destaques acadêmicos e a leitura da carta final contendo os resultados e reivindicações do encontro. A carta também foi entregue a representantes do governo durante as três audiências públicas que ocorreram ao longo da semana.


Exposição e premiação dos trabalhos científicos

No Centro Comunitário Athos Bulcão da UnB, aconteceu a exposição dos trabalhos científicos dos estudantes indígenas. Foto: Kaue Terena/ENEI

A comissão científica do XI ENEI registrou um total de 85 trabalhos inscritos para apresentação, realizados em formato de banner, conforme o modelo disponibilizado pela organização. Os temas abordados incluíram:

  • Ensino Superior Indígena: desafios de ingresso, permanência e evasão;

  • Pesquisa, extensão e mobilidade no ensino superior indígena;

  • Educação indígena, interculturalidade e autodenominação;

  • Movimento indígena e estudantil: (re)existência, comunicação e presença digital;

  • Organizações indígenas: mulheres, LGBTQIAPN+, PCD, resistência e protagonismo;

  • A mãe terra e a saúde indígena: avanços e retrocessos.


As pesquisas apresentadas destacaram a riqueza do conhecimento indígena e sua contribuição para diversas áreas do saber, reafirmando a ciência como uma importante ferramenta de luta e resistência. Os trabalhos refletiram o compromisso dos estudantes com a valorização de suas culturas, territórios e saberes ancestrais.


“Estou muito feliz por participar pela primeira vez do ENEI e receber o certificado de premiação. Sou muito grata às pessoas que me apoiaram. A importância dos cânticos indígenas, por exemplo, está em preservar e ensinar às gerações futuras. Nós, povos indígenas, estamos resistindo desde 1500, e continuamos defendendo nosso território e nossos direitos”, afirmou Jopeptyti Gavião, estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).


Jopeptyti Gavião fazendo exposição do seu trabalho sobre os cânticos Gavião. Foto: Andreza Andrade/ENEI

Ao lado de Jopeptyti, outros 29 estudantes indígenas foram homenageados com o Prêmio Ornaldo Sena, em reconhecimento à relevância de seus trabalhos.


Os 30 estudantes premiados com o reconhecimento Ornaldo Sena. Foto: Barbara Kaxuyana

Leitura da carta final do XI ENEI


Ayla Tapajós fazendo a leitura da carta final do XI ENEI. Foto: Barbara Kaxuyana

A coordenadora de comunicação do XI ENEI, Ayla Tapajós, foi responsável pela leitura da carta final, que reúne as principais demandas dos estudantes indígenas do Brasil. Entre os destaques do documento, estão:

  1. Acesso e permanência nas universidades: Reivindicação por vestibulares específicos, auxílio financeiro, moradia, alimentação e transporte, além de medidas para combater o racismo institucional e apoiar a saúde mental.

  2. Pesquisas indígenas: Promoção de linhas de pesquisa que valorizem o conhecimento indígena e financiamento para publicações científicas de autoria indígena, combatendo a apropriação indevida de seus saberes.

  3. Intercâmbio e estágios: Propostas para programas de intercâmbio nos territórios indígenas e em países latinos e europeus, com garantia de recursos financeiros.

  4. Mulheres indígenas na ciência: Criação de linhas de pesquisa voltadas para mulheres indígenas, abordando temas como saúde, gênero e cultura.

  5. Presença indígena em instituições públicas: Defesa da criação de programas de reserva de vagas e estágios para indígenas em instituições públicas e privadas.

  6. Universidade indígena: A proposta de criação de uma universidade indígena, com a participação ativa de estudantes e lideranças, garantindo representação tanto na graduação quanto na pós-graduação.


A carta final também reforça a importância de fortalecer a articulação nacional dos estudantes indígenas, revisar o acesso à bolsa permanência e promover ações para aumentar a presença indígena nas universidades.


Confira a carta na íntegra abaixo:



Para finalizar o Enei, tivemos a Conferência de Encerramento 'Consolidar e Efetivar: Demarcar a Presença Indígena na Universidade,' além da votação que definiu o Sul do Brasil como a sede do XIII ENEI, em 2026. Após a leitura da Carta Final do ENEI, e a coordenadora geral Braulina Baniwa e a coordenadora executiva Manuele Tuyuka entregaram o bastão para a nova coordenação do XII ENEI, que acontecerá em Manaus em 2025, com os estudantes do Amazonas como anfitriões.




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